14/08/11


Até um dia em Setembro.

13/08/11

Espuma dos Dias que Foram 39

As Duas Torres

Vou Fazer as Malas

Olho para um governo que ainda não me surpreendeu; não é que eu o esperasse, note-se, mas vamos ouvindo dizer que sim que vai 'tudo mudar' que 'agora é que 'e', e confesso, às vezes custa o cepticismo e custa ser 'Velho do Restelo'. Até hoje – incluindo a comunicação (‘um flop’) do Ministro das Finanças sobre os cortes na despesa pública que se saldaram num aumento de IVA (aumento das receitas) para a electricidade e gás que será altamente penalizador – revejo, com personagens mais aprazíveis e a merecerem menos desconfiança e repúdio, é certo, o que já conheço: a política do anúncio em ritmo estudado para o povo e do pacote pré-fabricado para a comunicação social (acrítica e a banhos nesta altura) a sobrepor-se ao trabalho duro, exigente e incómodo para tantos de ‘mudar’ (não, não é paradigma): iniciar um árduo processo de pensar e implementar as reformas estruturais de que o pais precisa (justiça, saúde, administração do território, do funcionalismo público...); mudar a mentalidade estatizante (um exemplo: a RTP – VPV no Público de hoje e JJP aqui); saber explicar de forma compreensível as decisões que se tomam (exemplo? A venda do BPN); só para dar alguns exemplos sem me esforçar muito, está calor.

Olho para um mundo e uma Europa que cada dia se torna mais irreconhecível: depois de um massacre (terrorista) na Noruega cujos contornos e intenções ainda estamos para perceber bem, sucedem-se os mutins em Inglaterra, sobretudo em Londres e arredores, que nos deixam absolutamente perplexos. Num outro nível a dívida pública americana vê o seu rating, as dívidas soberanas francesa e italiana são pressionadas com aumento de taxa de juros e temem o pior com os mercados financeiros em agitação constante e fortes quedas. Acalmam-se os mercados de forma artificial tendo alguns países (os de tradições mais liberais opuseram-se como se esperava) proibido o ‘short-selling’. Eu tendo a desconfiar das ‘soluções’ que se encontram usando ‘proibições’, e certamente desconfio desta. Veremos o que se passa quando o efeito do ‘sedativo’ dado a alguns mercados europeus passar.

A sensação de estranheza está cá. Tento reconhecer o que penso conhecer: Portugal, a Europa, o mundo Ocidental, a minha civilização, a minha pertença. Já não sei o que (re)conheço. Sei o que temo. O ‘meu’ mundo assim como está, continuará a ser viável?

Vou fazer as malas.

07/08/11

Coisas que se Podem Fazer ao Domingo 63

Museu Municipal. Bolonha


Apanhar Cobras.

05/08/11

Espuma dos Dias que Foram 38

Os Mercados, as Bruxas de Hoje

Parece que começou uma ‘caça às bruxas’ que são hoje as agências de rating. Agora é a vez da Itália. Há algo de simbólico nesta perseguição às agencias de rating; a habitual negação de uma (quase) evidência contrária ao optimismo de fachada e pensamento positivo que dominam a análise e a forma com que teimosamente se persiste em olhar o nosso mundo (o Europeu sobretudo). Eu sei que se enxotam os abutres quando eles começam a aproximar-se, mas o cheiro a cadáver está lá. Também há a história dos mensageiros que eram mortos quando traziam más notícias. Ou dos livros que se queimavam, e das pessoas que se calavam matando-as ou levando-as para a prisão. Tudo em vão, como a história nos demonstra. A longo prazo, nunca é eficaz: a verdade vence sempre. E a verdade sobre a situação económica e financeira de uma Europa desgastada, gastadora e sem soluções à vista e, apesar dos casos serem bem diferentes, de uma América sobreendividada, irá impor-se.

O facto é que o mercado, essa entidade abstracta e sem alma (que, ao contrário dos agentes, esses sim com alma e intenção), não mente, e a forma como digere a sua informação é absolutamente desprovida de ‘wishuful thinking’, ou de processos intencionais ideológicos ou políticos. Quando há mais quem queira comprar reage duma forma, quando há mais quem queira vender, reage doutra forma. Esta lógica implacável – e tão simples e transparente – sempre intrigou e sempre incomodou, sobretudo os agentes económicos e políticos que, ciclicamente, culpam o mercado pelas más decisões que eles próprios vêm tomando ao longo de décadas. Investiguem, processem, punam, acabem com a Moody’s, a Finch ou a S&P; nada disso alterará o que é e o que vem aí.

Adenda: Às 08:25, minutos depois de publicar este post, já se sabe como abriu o nosso mercado. O melhor mesmo é ir para a praia; o pior é o vento...

01/08/11

Boas Ideias

Bolonha (Frescos no Museu Municipal)

Espuma dos Dias que Foram 37




















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Infalibilidades

Quando nos meus tempos de juventude me ‘preocupava’ e questionava a questão da ordenação das mulheres na Igreja Católica, sempre me deparei com o argumento de que do ponto de vista teológico não havia razões impeditivas, mas havia – isso sim - uma longa tradição apostólica no sentido de não ordenar mulheres; e que, como tudo na Igreja Católica, qualquer alteração à tradição não é feita de forma célere para agradar a ‘modas’ ou à pressão ideológica e/ou mediática do politicamente correcto, mas sim feita num tempo que é o da Igreja e para a Igreja.

Todos estes argumentos faziam então sentido e ainda hoje fazem sentido. Lamento, por isso, a imprudência e demasiada ligeireza do tratamento desta questão por parte de D. José Policarpo; lamento os ecos que se criaram sobre as suas declarações, posteriores esclarecimentos (como se costuma dizer: pior a emenda que o soneto) e a importância exagerada que se deu a esta questão (fazendo fé no que leio no jornal Público); lamento ainda mais o centralismo exacerbado da Igreja chamando o Cardeal Patriarca a Roma (Castelgandolfo) para uma audiência com o Cardeal Bertone (lembro aqui uma declaração polémica do Cardeal) lembrando a infalibilidade da Doutrina da Igreja sobre este assunto.

O tempo (o muito tempo) encarregar-se-á de demonstrar a infalibilidade desta ou de outras posições doutrinais da Igreja, sobre os chamados ‘costumes’. Há certos assuntos sobre os quais menos infalibilidade e mais moderação são bem-vindos. Agitar neste caso a bandeira da Congregação para a Doutrina da Fé dá uma tom um pouco desesperado à infalibilidade.

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